08/06/2009

hipocrisia




Hoje apetece-me falar de hipocrisia. Não sei se foi bem por terem ocorrido eleições hoje, possivelmente foi pura coincidência.

A verdade é que esta palavra existe apenas no dicionário da espécie humana. Não é a única degradante palavra infelizmente, mas tempo haverá para outras serem dissecadas.

A palavra em si, quanto a mim já é assustadora de prenunciar, disseca-la, obriga na certa
A uma formação física, demagoga, filosófica, teológica, e porque não dizer intelectual.

Então como faço a coisa?

Se fosse um gajo ajuizado deixava-me de tretas e ia cavar batatas em vez de me armar em gente que pensa.

Mas a coisa comigo não funciona assim seria hipocrisia da minha parte ir cavar batatas doidinho que estou para falar disto.

Falar de hipocrisia é falar de políticos é falar de igreja é falar de banqueiros é falar de capitalismo é no fundo falar de todos nós.

Quando digo nós, refiro-me à denominação que me deram de ocidental.
Outras hipocrisias direccionais ficam para outra altura.

A hipocrisia entra em prática assim que dois seres humanos se cruzam.
Isto, porque de uma forma ou outra um vai querer do outro, alguma coisa.

Trata-se portanto de uma forma menos heróica de conquista de algo, algo esse, que pode ser um mero jogo de cartas.

Mas quantos mais Homens se juntarem mais evolutivo e drástico se torna o termo.

Claro que como em tudo na vida existem escalões. E cada um de nós ocupa um lugar numa dessas categorias.

Lá no topo temos aqueles que nos governam. Verdade seja dita apoiados e alimentados a euros para que cheguem ao poleiro, por os indivíduos do escalão logo abaixo mas que no fundo mandam mais que os de topo.
O poder é portanto a base de sucesso. Mas como se engana a plebe para que esta seja a mola que impulsione esse plano de poder e claro está enriquecimento? É ai que entra o conceito de seu nome hipocrisia.

Os primeiros com promessas eleitorais que na maioria dos casos nunca vêem a luz do dia.
Vão atirando sorrisos e migalhas ao povo, prometendo dias melhores.
Entretanto os tipos do escalão seguinte, banqueiros, construtores civis, empresários de variadíssimas áreas prometem trabalho, dinheiro e condições de vida mais digna.

Mas para a máquina funcionar bem em proveito desses dois escalões criaram um de suporte a que chamaram classe média.

E onde é que estes hipocritamente entram?
Têm os ditos “empregos” com carro de serviço e outras regalias, ou trabalham por conta própria nomeadamente no comércio e outros. É portanto este escalão o suporte da economia e a ligação mais directa com o ultimo escalão denominado de “povinho”

O povinho por sua vez trabalha. Trabalha no duro para sustentar todos os outros escalões.
Mas o povinho hipocritamente aceita o estender da mão dos escalões superiores. E aceita porque também ele quer ter a importância, a riqueza e o poder que detêm os seus superiores.

Mas uma hipocrisia há comum aos dois últimos escalões.
Na ânsia de alcançarem as mesmas condições dos homens do leme começaram a viver acima das suas capacidades. Hipocritamente exibem os apartamentos ou as novas moradias, os carros o plasma de ultima geração, enfim um rol de produtos insustentáveis pelo individuo mas suportado pelo cartão de credito.


E é vê-los exibindo esses bens materiais como seus, sendo que em muitos casos uma vida não lhes permite pagar a “coisa” e receber finalmente a prova física de a “coisa” é sua.


E hipocritamente se anda mais ou menos feliz enquanto o sonho dura.


Claro está que eu estou a tentar resumir a coisa ao mínimo, a extensão da coisa é monstra.


A verdade seja dita, a hipocrisia do sorriso forçado por aquele que tem de sorrir para manter o sustento mistura-se com os hipócritas sorrisos dos homens do leme, também eles fadados a manterem as aparências e os poleiros.

Hipocritamente num ciclo perpétuo mudam-se os rostos dos protagonistas e cada novo herdeiro no seu escalão irá continuar a olear a máquina e a sustentar o produto já meio moribundo capitalista, ocidental, e acima de tudo hipócrita.


Ps:

E não me venham com a história de que “este” é “cumuna” na certa.
Desenganem-se aqueles que pretendam ligar-me a qualquer corrente politica.
Não apoio, nem nunca votei em partido algum.

Se chateei alguém também não vou pedir desculpa. Espero que entendam, era isto ou ir cavar batatas…


suspeitoZero

3 comentários:

  1. poucas vezes li tanta autenticidade em palavras bem escolhidas. parabéns, orgulhe-se amigo, és maravilhoso na hora de se expressar.


    Blog Suicide Virgin

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  2. meu caro... Por vezes invejo aqueles que vivem inocentemente cavando batatas, sem as inquietações de uma mente pensante... Gostei muito deste texto. Muito sincero. Obrigada pela visita ao meu blog...

    Um abraço

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  3. Querido, amigo

    O texto é pra lá de fenomenal!
    Somos todos hipócritas em algum momento; é da natureza dessa espécie, entretanto há graduações nesse tipo de "expediente", concordo contigo.
    Muitas vezes me sinto deslocada no tempo e no espaço, justamente por não querer ser hípócrita e dizer exatamente o que penso.Pior é ainda, quando coloco em prática tudo o que considero estar em consonância com as minhas idéias.

    Abraços

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